A Crise Silenciosa das Mulheres: Uma Jornada de Reconexão
Por Camile Viêira
Terapeuta integrativa e idealizadora do Projeto Semeando Transformações
Você sente que carrega o mundo nos ombros?
Entre compromissos, cobranças e autocobrança, muitas mulheres vivem uma crise silenciosa – emocional, existencial e vibracional.
Uma crise que clama por reconexão, não apenas com o mundo, mas consigo mesmas.
Minha jornada como mulher, mãe e terapeuta também passou por esse ponto de ruptura. Depois de quase duas décadas no mundo corporativo, um chamado interno se tornou impossível de ignorar. Foi esse impulso da alma que me guiou a ressignificar minha trajetória – primeiro como terapeuta e agora também como idealizadora do Projeto Semeando Transformações.
Foi no retorno à minha essência que compreendi: o verdadeiro caminho de reconexão nasce quando abraçamos nossa totalidade – corpo, mente, emoções e espírito.
Hoje, por meio de atendimentos terapêuticos, workshops e palestras de autoconhecimento, dedico-me a guiar quem sente o chamado para trilhar esse caminho de volta para casa.
A Crise Silenciosa: Dados que Gritam
Vivemos um tempo em que a saúde mental feminina precisa ser levada a sério.
Em 2024, o Brasil registrou 472.328 afastamentos por transtornos mentais, dos quais 64% afetaram mulheres (INSS). Segundo a Think Olga (2023), cerca de 45% das brasileiras enfrentam ansiedade ou depressão.
Por trás desses números, há uma realidade dura: jornadas múltiplas, acúmulo de papéis, cuidados invisíveis, pressão estética, carga emocional não compartilhada.
Some-se a isso a violência de gênero – que afeta 1 em cada 3 mulheres no mundo (OMS, 2024) – e as desigualdades sociais, que recaem de forma mais severa sobre mulheres negras e periféricas.
Mudanças hormonais, como o pós-parto, a TPM intensa ou a menopausa, também aumentam o risco de depressão, afetando 1 em cada 3 mulheres em algum momento da vida (OMS, 2024).
Mesmo diante de tanto peso, muitas mulheres ainda têm dificuldade em se reconhecer vulneráveis. Aprenderam a seguir em frente, a não "fraquejar", a colocar as necessidades dos outros à frente das suas. Essa negação daquilo que nos atravessa adia o cuidado e enfraquece nossa vitalidade.
Não à toa, cresce também o uso isolado de medicações como único recurso diante deste cenário. De acordo com a IQVIA (2023), o Brasil é o maior consumidor de ansiolíticos da América Latina, com as mulheres representando a maioria dos usuários.
Embora o uso de remédios seja necessário e importante em muitos casos, é fundamental que venha acompanhado de um olhar mais amplo.
Aliviar os sintomas é só o começo. Estar melhor de verdade exige um caminho de escuta, reconexão, autorresponsabilidade e práticas que sustentem o bem-estar de forma integral.
Essa crise, apesar de dura, também é um convite.
Um chamado para voltarmos o olhar para dentro e relembrarmos que ser vulnerável não é sinal de fraqueza, mas o primeiro passo para uma transformação profunda.
Quando a Vulnerabilidade se Torna Força
Cada desafio carrega em si uma semente.
Uma semente que só germina quando voltamos o olhar para dentro e escutamos aquilo que por muito tempo silenciamos: nossas emoções, nossos limites, nossos desejos esquecidos.
Autoconhecimento e autoresponsabilidade
são as chaves desse retorno à essência.
O autoconhecimento nos ajuda a identificar gatilhos: a culpa dos papéis de
gênero, a pressão por perfeição, o medo de falhar.
A autoresponsabilidade, por sua vez, nos empodera a tomar decisões conscientes e a priorizar nosso bem-estar, escolhendo caminhos que honrem nossa verdade interior.
Voltar à essência não é um luxo – é uma necessidade.
É reservar tempo para práticas que nutrem a alma: contato com a natureza, prática de exercícios, silenciar a mente, cultivar relações saudáveis, buscar apoio quando for preciso.
Esse processo não apenas reduz o risco de transtornos mentais, mas fortalece a resiliência, permitindo que as mulheres tenham mais qualidade de vida e bem-estar.
Uma Transformação Coletiva
Dentro de nós, as energias do feminino e do masculino dançam, buscando harmonia. Quando essas forças se equilibram, abrimos espaço para uma vida mais plena e consciente. Esse equilíbrio não se trata de negar uma energia em favor da outra, mas de permitir que ambas se expressem, de forma integrada e verdadeira. Ao cultivar essa harmonia interna, também plantamos as sementes de transformação para o mundo à nossa volta.
A essência feminina é intuitiva, acolhedora e transformadora. Já a essência masculina, em sua forma saudável, traz estrutura, ação consciente, direção e proteção amorosa. Quando se unem em equilíbrio, essas energias sustentam uma força criativa poderosa: o feminino sonha e sente, o masculino realiza e sustenta.
Como guardiãs do cuidado, temos a capacidade de transformar cicatrizes em mapas de cura e sonhos em bússolas de direção.
Porém, a jornada de reconexão não pode ser apenas responsabilidade de nós mulheres.
A transformação que tanto buscamos é coletiva — envolve comunidades, famílias, organizações e a sociedade como um todo.
É urgente que todos, independentemente de gênero, se envolvam nesse processo de transformação e equilíbrio.
Cada ser humano carrega dentro de si tanto a energia do feminino quanto a do masculino. E equalizar essas forças é essencial para construirmos um mundo mais compassivo, consciente e justo.
Ainda assim, por estarem geralmente mais abertas à introspecção e ao autoconhecimento, as mulheres seguem como pioneiras nesse movimento.
A reconexão com a energia do feminino e a ressignificação do masculino são passos fundamentais para uma humanidade mais inteira.
"Quanto mais sementes forem espalhadas, mais consciência florescerá."
— Camile Viêira
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REFERÊNCIAS
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS). Dados de afastamentos por transtornos mentais em 2024. Brasília, 2024.
IQVIA. Relatório sobre o consumo de ansiolíticos na América Latina. São Paulo, 2023.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Relatório global sobre violência de gênero e saúde mental. Genebra, 2024.
THINK OLGA. Pesquisa sobre saúde mental das brasileiras. São Paulo, 2023.